segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014


 A chuva é Bamburucema.

Sábado a tarde foi uma daquelas tardes típicas da Amazônia, o céu fica cinza, a umidade aumenta, o cheiro de terra molhada exala, depois só é o barulhinho dela chegando, fazendo aquela batucada nas telhas.  
Ainda não tinha começado a chover, peguei o carro e desci pro guamá, pra casa do Mestre Nato, artista que eu conhecia desde a muitos anos, dos teatros da vida, onde mestre Nato costurava os sonhos da galera, nos seus figurinos e cenários, como em o Auto da Barca do Inferno do grupo Usina de teatro, se não me engano, lindo espetáculo! Depois que conheci o trabalho de mestre Nato, nunca mais vi a costura com os mesmos olhos! sempre o via como um artista plástico, estudei artes visuais na UFPA. Mas nesta tarde, que começou a chover assim que cheguei na casa dele,  fazendo com que eu me sentasse por um breve momento, conheci o mestre Nato de verdade. Uma pessoa pequena fisicamente, mas que emana uma energia gigante, a energia de uma arvore, um Baobá.  Com um olhar de criança e uma barba de rei mago, não tenho dúvidas de que ele é um ser encantado. Contou sobre seu trabalho, sobre sua vida no guamá, de como foi curado por Omolú após um acidente, sobre amores e desamores e assim a chuva foi afinando, puxando um outro tom, então nos dirigimos para o terreiro.

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